A ADPEP transmitiu em seu perfil no Instagram na noite desta terça-feira (4) a live com a Defensora Pública Larissa de Almeida Beltrão Rosas, que é representante da ADPEP na Comissão dos Direitos da Mulher da ANADEP, e a coordenadora e psicóloga do Nugen DP/PA Rosana Lemos Faraon. Elas falaram sobre o tema “7 formas de violência psicológica contra a mulher e a atuação do Núcleo de Prevenção e Enfrentamento à Violência de Gênero da DP/PA”. O bate papo fez parte das comemorações dos 14 anos da Lei Maria da Penha, comemorados no próximo dia 7.
O Nugen foi criado em dezembro de 2019. Segundo Dra Larissa, a Defensoria Pública do Pará, por meio do núcleo, se tornou a pioneira no Brasil a realizar um trabalho educativo não apenas com as mulheres, mas também com os homens agressores. “Não adianta falarmos apenas na prevenção para a mulher sem também reeducar o homem. Só assim temos um combate efetivo. É preciso mudar a visão de mundo dele machista. Por isso o núcleo faz atendimento individual e em grupos tanto para as mulheres quanto para os homens. Acompanhamos o sucesso da iniciativa, pois os índices de reincidência são baixíssimos”, explica.
Segundo ela, na maioria dos casos a mulher vítima de violência aguenta calada e passa anos com o homem por causa da dependência financeira. “Até que chega um momento que ela não consegue mais aguentar, dá um fim no relacionamento, e, mesmo assim, aquele homem ainda a ameaça e até usa os filhos para manipular sua psique. Na prática vivenciamos muito isso. Mas essas mulheres têm uma rede com a qual elas podem contar, elas têm a Defensoria Pública”, esclarece.
A psicóloga Rosana citou a pesquisa na OMS segundo a qual uma a cada três mulheres no mundo já sofreram algum tipo de violência. Segundo ela, a mais comum é a violência psicológica, que costuma causar uma ruptura na integridade psicológica da mulher. “Ela fica em pedaços, pois tem sua autoestima afetada pelo homem”, explica. Um sinal claro desse tipo de violência é o sentimento de posse sobre a mulher. “A mulher é tida como propriedade dele, refém dos seus. Nesses casos, o ciúme se torna um dos principais gatilhos”, explica. Outro tipo de violência psicológica, segundo a psicóloga, é a traição. Ela citou uma pesquisa segundo a qual 50% dos homens traem.
Também são violências comuns as desqualificações. Segundo a psicóloga, são recorrentes desqualificações como “você é uma péssima mãe, uma péssima profissional, ninguém vai te querer,…”. “Com esse tipo de dizer, ele consegue isolar a mulher dos amigos e da família”, explica. Em relação a casos desse tipo, Dra Larissa explica que o código penal prevê que a mulher registre queixa de crime por injuria e difamação, e até faça pedidos de indenização por danos morais.
A psicóloga também citou violências como a perseguição constante, geralmente associada a violências mais graves como o feminicídio. Geralmente o homem que pratica a violência contra a mulher cria um clima familiar tenso, para que a mulher, sobre clima de medo, fique desgastada psicologicamente e perca o ânimo. “Ela passa a fazer as coisas não por prazer e sim pra não ver uma reclamação dele. Ele, por sua vez, passa a ignorar as necessidades afetivas que ela demonstra a ele como parceria, carinho e respeito”, explica.