Defensora Marialva Sena fala sobre sua relação de amor e admiração com a ADPEP

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A Defensora Pública Marialva Sena Santos diz que sempre teve uma relação de carinho com a sua entidade de classe. “Minha relação como a ADPEP é de amor e admiração, por saber da importância que ela teve e tem até hoje nas conquistas de classe. Participei de seu processo de criação, na condição de sócia fundadora da entidade, integrando a 1º Diretoria, integrei outras diretorias e participei de inúmeras lutas em prol do fortalecimento da ANADEP, Defensoria Pública e da própria ADPEP”, conta. Ela se aposentou no último dia 7 e atuou como Defensora durante três décadas e quatro anos. Deixou um legado tanto para a ADPEP quanto para a Defensoria Pública do Pará.

Dra Marialva sente que cumpriu sua missão com êxito. “Meu sentimento de gratidão a Deus e a todos que contribuíram, direta ou indiretamente para essa trajetória, assim como o sentimento de dever cumprindo, visto que participei como muito amor, persistência , equilíbrio, luta, determinação e garra de uma das profissões e carreiras jurídicas humanas mais gratificantes que existem. Ela possibilita exercermos não só o direito, a cidadania, a justiça, mas também o conhecimento da relação humana, nas situações mais críticas e de vulnerabilidade do ser humano”, avalia.

Foto: Defensoria Pública.

Na Defensoria Pública do Pará ela atuou na área civil, porém se identificou mais com a área criminal, onde sua titularidade era o Juizado Criminal, pois sua área de pesquisa sempre teve relação com os métodos autocompositivos, com métodos de mediação de conflitos, posto que no Juizado prevalecem como técnica a mediação e a conciliação, como forma de chegar aos acordos, formas essas estratégicas de se trabalhar a Justiça de forma preventiva.

Segundo ela, é essencial que um(a) Defensor(a) ame a sua profissão e saiba que, por meio do seu trabalho, irá ajudar a resolver uma série de problemas das pessoas. “O Defensor será a voz de milhares de cidadãos que estão à margem da sociedade e/ou excluídos de direitos. Ele representa esperança, luta, liberdade e amor aos vulneráveis”, diz.

Quando decidiu estudar Direito, Dra Marialva ainda não pensava em se tornar Defensora. A paixão pela Defensoria Pública surgiu em decorrência do estágio que fez durante quase três anos na instituição. “Não quis mais sair”, conta. Hoje ela dá dicas para quem pretende seguir a carreira de Defensor(a): “é uma carreira em franca expansão e que atrai pelos benefícios que proporciona, mas, acima de tudo, requer estudo, disciplina e coragem para os enfrentamentos, visto que se estará sempre do lado dos mais fracos, dos necessitados, dos excluídos. Requer, portanto, determinação e destemor, porque tudo que se conquista na Defensoria Pública requer muito mais sacrifício do que nas demais carreiras jurídicas, infelizmente”, ensina.

Dra Marialva em atuação na Defensoria Pública. Foto: Defensoria Pública.

Agora que está aposentada, são muitos os planos. Inicialmente ela quer aproveitar mais a família, passear, viajar, e, depois, avaliar os outros projetos de trabalho que já tem em mente. “Na verdade, busquei a aposentadoria mais cedo, apenas para garantir direitos que estão ameaçados, mas me sinto em pleno vigor e disposta a grandes enfrentamentos [risos]”, diz.

Apesar de aposentada, ela considera importante não perder o vínculo com a sua Entidade de Classe.

“Creio que é fundamental manter os vínculos com a Entidade de Classe, visto que, essa sim, representa efetivamente a garantia da defesa dos nossos direitos como membros da carreira, seja ativo e ou inativo”, avalia.

E também deixa uma sugestão à atual gestão: “seria importante que a atual gestão da ADPEP fizesse um resgate de todos os colegas que se aposentaram e saíram da entidade, objetivando que retornem, visto que a ADPEP vem travando lutas judiciais e políticas em prol de direitos que estão sendo violados, dos defensores aposentados. Portanto, não acho justo que, no final, todos sejam beneficiados e apenas alguns contribuam com as mensalidades”.

“Agradeço a todos e todas que me ajudaram nesse processo de aprendizado e conquistas, porque nada na vida se conquista sozinho. Inúmeras pessoas foram importantes para essa trajetória junto à Defensoria, ADPEP, ANADEP e OAB-Pa, obrigada pela confiança depositada em mim e por me ajudarem a chegar onde chegamos!”, Diz Dra Marialva.

Segundo ela, a hoje a sensação é de que se pode realizar ainda muito em prol de todos e todas. “Aos colegas que ficam, peço que lutem por mais conquista e avanços institucionais e de classe, mas sem esquecer de lutarem muito mais, para não perdermos os direitos e prerrogativas até hoje conquistas”, pondera.

CARREIRA

Como Defensora Pública Dra Marialva integrou a gestão em vários governos e inúmeras administrações, em cargos como chefe 1ª Regional-Sede Ananindeua, por 6 anos. Nesse período ela conseguiu, com a ajuda de vários colegas, adquirir o 1º Prédio próprio da Defensoria Pública, onde até hoje funciona a Sede da Regional de Ananindeua, fato que ocorreu no 2º mandato do Governo de Jader Barbalho. Além disso Dra Marialva foi Coordenadora do Setor Penal e assumiu a Subdefensoria-Geral (à época a nomenclatura era Subprocuradora-Geral), quando ajudou na criação de inúmeros projetos como o Conselho Superior da Defensoria e o programa “Balcão de Direitos” (quando escreveu a Cartilha Defensoria Cidadã), onde eram disseminadas, através de palestras, informações pertinentes aos direitos fundamentais básicos dos cidadãos que procuravam o projeto para obter os seus documentos (art. V da CF/88). Essa modalidade de informação rendeu à Defensoria Pública elogios da ONU.

Ela também assumiu interinamente os cargos de Defensora Pública Geral, Corregedora Geral e Diretora do Interior. Nesses anos, participou da elaboração da redação das primeiras leis orgânicas da Defensoria Pública, bem como ajudou no processo de aprovação de leis junto à ALEPA, tais como: Lei Complementar nº 013/1993; LC nº 054/06; Alteração da LC 054/2018; Lei que criou o FUNDEP.

Já no período compreendido entre 2010 a 2012 exerceu a Diretoria do Centro de Estudos (hoje Escola Superior da Defensoria Pública do Pará), quando apresentou o projeto de modernização e acessibilidade da Biblioteca, dando a ela o nome de Raimundo Osório (em homenagem ao ex-Defensor Público e artista plástico de mesmo nome). Dra Marialva implementou o Curso de Pós Graduação em Direitos Fundamentais, em parceria com a UFPA, beneficiando 50 Defensores Públicos, assim como a Pós Graduação em Direito Agrário, em parceria com o CESUPA, possibilitando a qualificação de 18 Defensores Públicos.

Ela também criou e defendeu no CSDP o Projeto “ Benedito Monteiro”, que homenageia e atribui premiação aos melhores trabalhos, projetos de cidadania ou peças jurídicas, que elevam o nome da instituição. Até hoje a premiação é desenvolvida e respeitada na Escola Superior da Defensoria Pública. Foram criados ainda o 1º Concurso para Estagiário da Defensoria Pública, o 1º Curso de Capacitação e Formação de Novos Defensores Públicos, bem como, cursos de capacitação e treinamento de estagiários, servidores e técnicos da Instituição.

Como Presidente da ADPEP em dois mandatos (2010/2012 e 2012 a 2014), Marialva realizou muitas coisas. Dentre as conquistas realizou o 1º Congresso Estadual e 1º Encontro dos Defensores Públicos da Região Norte, no Hangar, com verbas de patrocínio e ainda deixando mais de R$ 12.800 no caixa da ADPEP. Houve ainda ajuizamento e sucessos em Ações Judiciais como isenção de desconto de imposto de renda de férias dos Defensores; Mandado de Segurança contra a OAB-Pa (visando desvincular o Defensor Público de Inscrição da OAB), ação que serviu de referência a outros Estados da Federação; Ações em defesa das prerrogativas de vários Defensores; Reforma e modernização do Prédio da ADPEP; Ampliação do patrimônio e parcerias da entidade; interiorização da ADPEP; ampliação de número de sócios e também do patrimônio da entidade.

Dra Marialva participando da mesa do III Congresso Nacional dos Defensores Públicos da Infância e da Juventude. Foto: Divulgação.

Dra Marialva participou ainda da Diretoria da ANADEP e ajudou no processo de fortalecimento da entidade nas lutas pela defesa de projetos de lei, que vieram alterar a Lei Complementar Federal 80/94, dados pela LC 132/2009, assim como a aprovação EC/80 de 2014 e outras. Ela saiu da ADPEP deixando mais de R$ 174.000 em ativos nos caixas da entidade em conta corrente e aplicações.