A escritora e produtora cultural Marcionila Mendes de Almeida está comercializando o seu livro, “Borboletas Enjauladas”, até esta sexta-feira (10) na sede da ADPEP. A obra, com incentivo da Lei Audir Blanc, aborda, em forma de contos, o erotismo das mulheres em cárcere no CRF Ananindeua. A autora apresenta as relações e todos os fatores que desencadeiam a sexualidade por trás das grades, assim como as dificuldades e violência que surgem.
O livro é fruto de um mapeamento realizado pela autora no Centro de Reeducação Feminino (CRF), no bairro do Coqueiro, em Ananindeua, onde Marcionila colheu depoimentos de cerca de 750 mulheres encarceradas e acompanhou de perto o dia a dia delas. “Foi uma experiência diferente de tudo que eu já vi. Ali dentro, embora privadas de várias coisas, elas exercem uma profunda liberdade sexual. Percebi que elas se descobrem enquanto mulheres”, relata a autora.
Ela explica ainda que um termo usado pelas encarceradas deu origem ao título do livro. “Elas mesmas dizem que, quando uma mulher fica com outra, ela borboleteia, passa por uma metamorfose”, explica. “Vi muitas mulheres que até então se reconheciam como heterossexuais se transformarem após o encarceramento. Não digo que elas se descobriram e sim que elas se deram essa oportunidade, haja vista que, segundo Freud, todo ser humano é bisexual. Elas apenas conseguiram driblar um padrão heteronormativo imposto”, diz Marcionila.
A autora é produtora cultural com mais de 20 anos de experiência. Ela começou como artista visual e realizou a exposição Quintais Marajoaras no Fórum Social Mundial. Ela sempre escreveu, mas essa talvez tenha sido a sua maior motivação. “Eu fiquei com muita vontade de compartilhar com as pessoas toda a experiência que vivi ali. Ao longo desses anos de convivência com elas, percebi que a sexualidade é a única forma que elas encontram de prazer em meio a toda aquela situação de privação da liberdade”, explica. “É o que resta, e muitas se jogam de cabeça.
Serviço: Interessados e interessadas podem adquirir o livro por R$ 35. A autora fica ao longo de todo o horário de funcionamento da ADPEP, das 8h às 17h, disponível para autografar os exemplares.